O assunto fertilidade carrega muito desconhecimento e é de extrema importância não só para quem quer engravidar, mas para quem ainda não sabe se quer e para quem não quer também.
Esses dados reiteram a importância de discutirmos o assunto de maneira responsável e didática com as pessoas em todos os ambientes. Em agosto, realizamos junto com o nosso parceiro Grupo Huntington, o evento online “Tudo o que você precisa saber sobre fertilidade” com Dr. João Pedro Junqueira, Diretor Médico do Grupo Huntington, Rachel Horta e Juliana de Faria, da Bloom, para esclarecermos as tantas questões envolvidas no assunto. Neste artigo, reunimos os principais tópicos discutidos pelos convidados.
INFORMAÇÃO É PODER
Hoje, as pessoas têm acesso às informações de uma maneira extremamente rápida e há uma grande quantidade de fontes disponíveis para tirar dúvidas e buscar orientações na internet. Com isso, surge um ponto de atenção que é a veracidade da informação.
Para Rachel Horta, a jornada de saúde começa muito antes da ida ao consultório. Não é mais como antes que as mulheres esperavam estar na frente do profissional da saúde para solucionar uma questão. O Google muitas vezes assume o papel do médico, por isso, é necessário buscarmos formas de educar não só as mulheres, mas também as pessoas que estão a sua volta. A comunicação tem um papel desafiador, mas fundamental.
A informação é necessária para que mulheres tenham mais subsídios e condições de fazer o seu planejamento reprodutivo. É o que acredita o Dr. João Pedro Junqueira que afirma que o conhecimento é essencial para a mulher entender o que quer e o que não quer a curto, médio e longo prazo. Ainda mais quando um tema carrega tantos mitos como é o caso da fertilidade.
MITOS DA FERTILIDADE
Ingestão de alimentos afrodisíacos aumentam a fertilidade? A posição durante a relação sexual ajuda a engravidar? Esses são alguns dos mitos envolvendo a fertilidade bastante compartilhados com o Dr. João Pedro pelas mulheres. Sobre o uso de vitaminas e demais substâncias que supostamente ajudam a engravidar, o Dr. afirma:
Ele explica que a chance de ocorrer uma gravidez em mulheres até 35 anos é de 20% em um mês para casais sexualmente ativos que não têm dificuldade em engravidar. Ao final de 1 ano, 80% desses mesmos casais vão obter uma gravidez e isso não significa que funcionou algum desses mitos seguidos pelas mulheres. Então, é importante que a gente conheça esses números e entenda que, na verdade, essa disseminação desenfreada da desinformação, só aumenta a carga em cima da mulher. Para o Dr. João, é tanta obrigação e são tantas regras, que, inclusive, a sexualidade se perde e a relação sexual acaba se tornando um processo mecânico.
Esclarecendo o grande mito relacionado ao uso de anticoncepcional que diz que o tempo de uso interfere nas chances de engravidar, Dr. João Pedro diz que a pílula não muda em nada a fertilidade ou a infertilidade pré-existentes.
PAPEL DAS EMPRESAS
É fundamental o apoio das empresas na jornada da fertilidade. Para Rachel Horta, a separação entre vida profissional e vida pessoal quase não existe mais. E por que não as empresas abraçarem esse desafio? Rachel chama de desafio porque não é fácil. Precisamos educar o meio corporativo em como acolher essas mulheres, em como ter uma escuta ativa. Infelizmente, é comum ainda ouvirmos que em algumas empresas não se pode falar que quer engravidar, Rachel reforça “imagina dizer que está passando por um processo de fertilidade”.
Qual o impacto positivo para as empresas? As colaboradoras e colaboradores que estão imersos vivendo um processo de fertilidade, se sentem muito mais preparados para enfrentar as dificuldades e têm risco infinitamente menor de pedir demissão ou de baixar a produtividade se tiverem o apoio do local onde trabalham.
Sobre as metas de Diversidade & Inclusão tão discutidas hoje pelas pessoas dentro e fora do mercado corporativo, Juliana de Faria fez a seguinte colocação:
IMPORTÂNCIA DE UMA TRILHA DE FERTILIDADE
Rachel Horta conta que quando começamos a Bloom, sempre foi olhando para uma jornada completa da saúde feminina, que se inicia lá na primeira menstruação e se estende até depois da menopausa com a terceira idade.
Diante da necessidade de levar cuidado e informação sobre essa jornada para dentro das empresas, acolhendo e educando colaboradoras e colaboradores, a Bloom Care desenvolveu junto ao Grupo Huntington, a Trilha da Fertilidade.
O suporte acontece logo no início do atendimento quando as nossas Guias de Saúde entendem em que momento do planejamento familiar a mulher se encontra para traçar um Plano de Cuidado. É feito um acompanhamento junto ao Grupo Huntington e, se necessário, direcionamos e acompanhamos a conexão entre essa mulher e o grupo para que seja realizado um procedimento de preservação da fertilidade ou para iniciar algum de tratamento. Por conta da parceria entre Bloom e o Grupo Huntington, os tratamentos são mais acessíveis financeiramente para mulheres e famílias.
CENÁRIO BRASILEIRO DA FERTILIDADE
Para Rachel Horta, não há diferença do que acontece no Brasil com o que acontece no mundo em relação a fertilidade. Olhando para a população geral, ela diz que hoje de 15% a 20% dos casais em idade fértil vão ter alguma dificuldade para engravidar. Existem as questões orgânicas, mas um dos fatores que mais tem impactado é de fato o adiamento da maternidade que é uma questão social hoje. Essa decisão não é só das mulheres, é também dos homens, independente do formato do casal.
Como exemplo, Rachel cita as mulheres com 38 a 40 anos que decidem congelar óvulos porque não pensam ainda em se tornarem mães. Então, a gravidez tardia é uma realidade, é um novo comportamento da nossa sociedade. Por isso, antecipar o conhecimento e a educação da nossa população a respeito dos riscos e, se os riscos existem, saber quais são as opções em relação a essa decisão, é essencial, mas ainda não são discutidas.
Dr. João Pedro concorda com Rachel nesse ponto e diz que para tomar as decisões é necessário entender os benefícios e riscos envolvidos. Lembrando que a mulher tem um período de fertilidade e o homem é fértil até o final da vida.
CUIDADOS E EXAMES DE FERTILIDADE
Sobre o momento certo de procurar um especialista, o Dr. João Pedro explica:
“Casais em que a mulher tem até 34 anos, desde que não exista nenhum histórico anterior, devem tentar até 12 meses de vida sexual ativa, entendendo que isso significa uma relação a cada 3 e 4 dias. Não é necessário aplicativo para dizer o momento certo, esse tempo cobre qualquer período fértil. Casais em que a mulher tem de 35 a 38 anos devem ter em torno de 9 meses de tentativa e, acima de 38 anos, com 6 meses já devem procurar um especialista pelo menos para entender se tem alguma coisa acontecendo no processo. A bússola da fertilidade é a idade do óvulo que é quase a idade da mulher. A gente chama de janela de oportunidade até os 34 anos.”
Ele esclarece ainda que existem marcadores de reserva ovariana e que quando fazemos exames detectamos na verdade o desperdício mensal de óvulos. Não precisamos de nenhum exame para dizer qual a fertilidade daquela mulher, para os homens há o espermograma, para a mulher a idade. Se for necessário algum tratamento, é nesse desperdício de óvulos que devemos nos basear. Até os 34/35 anos, a fertilidade é mais ou menos estável. Depois, a probabilidade de engravidar começa a cair consideravelmente até os 38 anos. E, entre 42 e 44 anos, a chance de ocorrer uma gravidez espontânea é próxima de zero. O fato da mulher ter ciclos menstruais e dosais hormonais normais entre 45 e 47 anos de idade não quer dizer que ela seja fértil. Infelizmente, ela ovula, libera esse óvulo, mas a qualidade desse óvulo é incapaz de gerar a gravidez.
A JORNADA DA FERTILIDADE DE CASAIS HOMOAFETIVOS E PESSOAS TRANS
Dr. João Pedro explica que não há diferença na jornada da fertilidade de casais homoafetivos e pessoas trans. Começa também com uma consulta para uma avaliação a partir da perspectiva individual e familiar para entender qual o caminho que será seguido, munindo as pessoas de informações junto com um acompanhamento multidisciplinar.
Se você quiser assistir o papo completo, está disponível em nosso canal no Youtube:
Clique aqui e indique a Bloom na sua empresa.
Acompanhem as nossas redes sociais para ficar por dentro de próximos eventos abertos ao público