FAQ: como cuidar de si na quarentena

FAQ como cuidar de si na quarentena

Conhece aquela história de que você precisa primeiro colocar a máscara de oxigênio em você e depois na criança? Pois é, é uma metáfora para a vida toda. Você só consegue cuidar do seu filho – e de todas as outras esferas da sua vida – se cuidar bem de si.

Como você tem se cuidado? Que compromisso você tem conseguido ter com você? O que tem sido mais desafiador? E o que você tem descoberto sobre você? Para responder às dúvidas mais frequentes dos nossos seguidores e te apoiar nesse desafio, convidamos a Júlia Jalbut, pós-graduada em Medicina Integrativa pelo Hospital Albert Einstein e integrante da equipe do Núcleo de Cuidados Integrativos do Hospital Sírio Libanês, praticante e professora de yoga. A Júlia é mãe do Martim de 2 anos.

O que é autocuidado?

Cuidar de si mesmo é um conceito amplo que envolve todas as esferas que nos compõem, das mais concretas às mais sutis: nosso corpo, mente, sono, emoções, nosso tempo, dinheiro, relações, desejos e frustrações – dentre muitas outras coisas! Desenvolver intimidade consigo mesmo é fundamental para escolher COMO você vai cuidar de todas essas áreas. Que caminhos fazem sentido PARA VOCÊ? ⠀

Eu encontrei na yoga um caminho para me cuidar, mas para muitas pessoas o momento de silenciar e de se conectar se dará por outras vias. NÃO HÁ UM CAMINHO UNIVERSAL quando o assunto é o autocuidado. Também não há um caminho definitivo. O autocuidado é DINÂMICO: a minha alimentação saudável de hoje, por exemplo, é diferente da que eu tinha aos vinte anos, assim como o que me faz bem no verão é diferente do que me equilibra no inverno. Observar-se e escutar os sinais silenciosos que nosso corpo nos dá é fundamental para que de fato atendamos às nossas reais necessidades. ⠀

Como cuidar do medo? Tem sido difícil relaxar nos momentos em que tenho tempo.

É normal sentir medo e ansiedade em situações incertas como as que estamos vivendo. Além disso, cada um de nós começou essa quarentena em um contexto pessoal distinto: alguns com a vida mais “redonda”, outros com uma crise no casamento, uns com reserva no banco e outros sem saber como se organizarão para pagar os boletos do mês. Dito isso, sugiro duas coisas:

  1. Respire. Nossa mente em momentos de ansiedade e medo costuma focar no futuro, em coisas que ainda não existem. Usar a respiração como uma âncora de atenção ao presente pode ser bastante eficaz. Primeiro observe a sua respiração, tal como está, depois leve as mãos no abdômen e respire algumas vezes profundamente como se estivesse enchendo um balão (na inspiração) e depois esvaziando por completo esse mesmo balão (na expiração). Práticas como yoga e meditação também podem ajudar, porque estimulam a “resposta de relaxamento” no corpo, que é o contrário da resposta de estresse.
  2. Se a ansiedade e medo seguirem intensos, busque ajuda. AUTOCUIDADO NÃO É SINÔMINO DE SER AUTOSSUFICIENTE. Vejo muitas pessoas fazendo essa confusão. Pedir ajuda e receber cuidado – inclusive profissional – faz parte de cuidar de nós com amor e gentileza.

Tem sido difícil entender as minhas prioridades! De repente o dia passou e não fiz nada por mim.

Difícil mesmo! São tantas as novas demandas que nos perdemos. Para não se sobrecarregar, é importante dizer “não” a algumas coisas… e “a cada escolha, uma renúncia, não tem jeito. Para dizer “sim” a algo, precisamos abrir mão de outras coisas. Uma boa sugestão é buscar algum tipo de PLANEJAMENTO e ORGANIZAÇÃO. Coloque no papel tudo aquilo que gostaria de fazer. Faça a sua lista dos desejos e também das obrigações do dia. Depois, da semana. E veja o que, de fato, cabe. Provavelmente você não conseguirá seguir sua programação à risca, mas intencionar te dará algum foco e as chances de acabar o dia sem ter feito nada serão menores.

Tenho ficado frustrada porque não estou dando conta de coisas importantes que antes eu conseguia.

Primeiro de tudo, é importante legitimar sua frustração. De fato é muito chato quando não conseguimos dar conta daquilo que nos propomos fazer. Depois de acolher esse sentimento, é importante olhar para o contexto que estamos vivendo: nenhum de nós estava preparado para tantas mudanças e novas demandas. Exigir-se dar conta de tudo como antes é irreal, porque MUITOS outros pratos apareceram para equilibramos!

Então, tente ajustar as suas expectativas: a casa talvez não esteja tão limpa, as crianças assistirão eventualmente mais TV, está tudo bem. Mais do que nunca, olhe para você com gentileza. A ideia não é abrir mão de tudo o que é importante, e sim fazer um ajuste, readequando suas expectativas e compromissos com aquilo que cabe na vida que você tem agora. O que é possível? Escolha uma pequena coisa: comece por aí.

Meu maior desafio está sendo parar de trabalhar (home office num nível de loucura já).

O que para alguns parecia um sonho, agora está se revelando, como ouvi outro dia, o hell office. Um dos grandes desafios de trabalhar de casa é que muitas vezes o horário de começar e terminar fica turvo, e quando percebemos, passamos o dia todo trabalhando. Aí vem a exaustão.

Por isso, tente ritualizar de alguma maneira o momento de começar e de terminar o trabalho. Vestir-se, escolher um local na casa para essa atividade, definir um horário de almoço e outras pequenas pausas. Mesmo que tudo mude ao longo do dia, ter uma mínima intenção pode ajudar seu corpo e mente a saírem do piloto automático e a entenderem a hora de produzir e, depois, de relaxar. Isso também permite abrir espaço para outras coisas, que não só trabalhar. Que tal 15 minutos para tomar um sol, respirar um pouco ou fazer algo que te dê prazer?

O único tempo que tenho para mim é o banho e mesmo assim é muito rápido.

Bem, primeiro de tudo: se ele é o único momento, aproveite-o ao máximo então! Nada de levar o celular para o banheiro e seguir naquele piloto automático que muitas vezes nos governa, tá? Procure estar presente nestes minutos. Coloque uma música, use um sabonete que gosta, se der massageie-se um pouquinho… Vale a pena também considerar outras duas coisas: você tem algum suporte para aumentar esse tempo que tem para si ao longo do dia? Caso não tenha uma rede de apoio, tente encontrar pausas mesmo que sejam compartilhadas com outras pessoas, como os filhos. Explico: dançar na sala, fazer um exercício com eles de alguma maneira… Mesmo que não seja um tempo exclusivo a você, é um respiro na rotina e te trará mais bem-estar.

Minha cabeça! Estou grávida e muito ansiosa, descontando tudo na comida.

A gestação muitas vezes desperta grande ansiedade nas mulheres e, junto com o contexto de agora, tudo isso pode ficar mesmo intenso. Adoraria saber mais informações sobre você para te ajudar de forma mais eficaz: de quantas semanas está, como tem dormido, como está sua rotina, se foi uma gestação planejada, etc. Como não sei, sugiro que converse com o profissional que tem acompanhado a sua gestação, assim você terá um direcionamento mais individualizado. Buscar algum tipo de prática mente-corpo (respiração, yoga, relaxamento ou até mesmo uma massagem) podem te ajudar a sair desse estado de constante ansiedade e passar a cultivar também um lugar de calma e tranquilidade dentro de si mesma, sobretudo em fases de grandes mudanças, como a gestação 😉

Como a gente pode ensinar às crianças a se cuidarem?

Não tem segredo: cuidando da gente! A melhor maneira de ensinar isso ao seu filho é pelo exemplo, no dia a dia. Quanto mais as crianças nos virem cuidando das nossas necessidades, criando uma rotina gostosa e gentil para nós, mais elas aprenderão que é bom viver assim. Vale mais a experiência que elas têm e o que elas observam, do que ficar falando, sabe? Um pai e mãe que cuidam de si mesmos são as maiores inspirações para os pequenos.

Eu fazia academia todo dia, mas no apartamento pequeno e com duas crianças não consigo, sinto muita falta.

Fazer exercício físico é bem importante para a manutenção de nosso bem-estar. Produzimos uma série de bons hormônios quando nos movimentamos e, de fato, faz muita falta ter que parar. Mais uma vez o convite que faço é: tente desapegar um pouco do formato que você tinha antes (a academia) e olhe para o que é possível neste momento, dentro desta nova realidade. Você já experimentou fazer um treino funcional? Há uma série de vídeos na internet com aulas curtas e intensidades variadas para fazer em casa. E o mais legal é que as crianças costumam gostar de fazer junto. Talvez ter a companhia delas não seja o seu ideal de exercício, mas muitas vezes o ótimo é inimigo do bom.

Não consigo achar energia para fazer exercícios físicos. Sei que são bons para mim, mas não consigo!

Vamos tentar nos cobrar um pouco menos? O mundo virou de cabeça para baixo, estamos lidando com medos, ansiedades, mil novas demandas e incertezas. Sabemos que comer legumes e verduras é melhor do que um monte de açúcar, que exercitar-se todo dia nos faz bem… mas isso não significa que neste momento conseguimos colocar tudo isso em prática. E está tudo bem. Vai passar. Minha proposta não é que você se resigne. Mas que abra um pouco de espaço interno para acolher essa falta de energia. Talvez você está dando conta de muitas outras coisas que antes não fazia? Ou, com preocupações na cabeça, não está dormindo bem e isso te dá uma sensação de exaustão ao longo do dia? Tente olhar um pouco para sua rotina e veja se há algum ajuste que possa fazer. E diminua as exigências: não precisa ser por uma hora. Dez minutos está valendo! Tenho certeza que ao começar a se mexer um pouco, respirar mais profundo e liberar alguns hormônios, você vai se revitalizar!

Cozinhar era meu tempo para mim, mas agora está tudo uma bagunça e quase nem sinto mais prazer nisso! Parece que virou mais uma tarefa.

Quando estamos sobrecarregadas até mesmo coisas gostosas podem se tornar maçantes. Acho que a questão aí não está na tarefa, que você diz que adora, mas sim no volume de coisas que você está dando conta neste momento. Uma boa dica é perceber se tem algo que você pode delegar/compartilhar a responsabilidade e, talvez, aceitar que neste momento nem sempre cozinhar será uma delícia – até porque estamos cozinhando TODAS as refeições, sem exceção, na maioria dos lares, e talvez para mais pessoas do que o costume. Que tal então escolher um dia (ou dois) para fazer desse programa algo especial e gostoso e deixar os outros para que sejam uma mera tarefa mesmo? Quarta-feira pode ser o dia oficial da cozinha! Para testar aquela receita diferente, tomar um vinho – ou outra bebida que goste – ouvir uma boa música, conversar com alguém (virtualmente). Aí os outros dias ficam para o arroz e feijão de cada dia.

Tenho filhos pequenos, mas meus pais é que dão mais trabalho! Querem sair de casa, não consigo relaxar.

Difícil tentar controlar outros adultos, né? De um jeito ou de outro, controle nunca funciona muito bem. Tente entender o que de fato está a seu alcance e não viva este momento sozinho. Muitas vezes convidar um médico para conversar com seus pais e explicar os riscos dessas “saidinhas” pode ter mais peso para eles do que sua opinião agora. O médico entra em um lugar de autoridade e você se alivia dessa missão.

Sobre o Bloom

Somos um benefício corporativo que revoluciona a forma como empresas cuidam de mães e pais que trabalham. Por meio de uma plataforma de serviços digitais que apoia a jornada da parentalidade, promovemos a orientação personalizada às famílias e melhores práticas de gestão para empresas conscientes.

Conectamos mãe e pais a uma rede de pediatras, obstetras, doulas, nutricionistas, psicólogos, orientadores de carreira e outros profissionais. E apoiamos gestores a entender melhor como lidar com esse mundo novo que é uma família.

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